Patrão Mor Aguiar um legado para as futuras gerações, sinergia com o Almirante Tamandaré e sala à memória do Professor Edson Schettine de Aguiar

O Patrão-Mor José Maria de Aguiar nasceu no Ceará em 25 de maio de 1886, na localidade de Ipaguassu-Mirim, distrito da cidade de Massapê, nas proximidades de Sobral. Alfabetizou-se na sombra de uma tamarineira. Logo viu a falta de perspectiva de uma região muito pobre, em busca de trabalho montado numa jumenta e com meia pataca no bolso.

Chegou a São Luis, no fim do século XIX ingressando na Escola de Aprendizes Marinheiros do Maranhão, em 27 de março de 1901, ainda com quatorze anos. Este guerreiro enfrentou as duras fainas de uma Marinha mal saída do Império Brasileiro, com uma disciplina de extremado rigor.

Afilhado de Nossa Senhora da Conceição, como é comum no Ceará, não se deixou abater e foi galgando os postos, estudando, agora, na sombra de canhões dos navios em que servia.

Era um geminiano extremamente obstinado e disciplinado, e, assim, dez anos após o seu ingresso na Força Naval, já era primeiro-sargento e, depois, contramestre, mestre e suboficial. Após muitas dificuldades, em 1928 foi promovido a 2º- Tenente-Patrão-Mor, quadro hoje extinto, que precedeu o de Oficial-Auxiliar da Marinha e cujo patrono – Almirante Prado Maia, foi muito seu amigo na juventude de ambos.

Serviu em grande número de navios: encouraçado Deodoro, N.E. Benjamim Costant, N.E. Tamandaré, cruzadores Tiradentes e República e no José Bonifácio como contramestre, percorrendo o litoral brasileiro, na nacionalização da pesca, sob a chefia do Comandante Frederico Villar, conhecido pela sensibilidade profissional e rigorosa disciplina. E, honra das honras, contramestre e mestre do encouraçado Minas Gerais durante cerca de uma década.

Já como oficial Patrão-Mor, atuou nas Capitanias dos Portos do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco.

Era o nº 1 do quadro para a promoção a Capitão-Tenente, quando, dentro das arbitrariedades do Estado Novo, foi transferido para a reserva. Sempre reclamou de tal medida pelos prejuízos decorrentes em sua carreira.

Retornou à Marinha em 1937, para a Delegacia da Capitania dos Portos de Ilhéus. Posteriormente, teve encargos no 6º Distrito Naval, em Ladário, no atual Mato Grosso do Sul: no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro; de 1949 a 1958, na Capitania dos Portos do Amazonas – inesquecível em sua carreira – com missões pelos rios que o afastavam de Manaus, vez por outra, durante quarenta e cinco dias, em que se encontrava com os heróicos descendentes de cearenses, “ex-soldados da borracha”. Por quatro anos, ainda foi o Patrão-Mor da Capitania dos Portos do Pará e Amapá, até julho de 1962, quando retornou ao Rio de Janeiro, sendo desligado do serviço ativo em abril de 1963. Faleceu em 19 de junho do mesmo ano de colapso cardíaco, dois meses após o término de suas missões.

Ao longo de sua carreira, com mais de 62 anos de serviço prestado à Marinha, foi agraciado com as Medalhas de Bronze, da Vitória e de Guerra e com uma Estrela de Ouro com Passadeira de Platina. Postumamente, recebeu a Medalha do Mérito Naval.

Sua Família instituiu, há quarenta anos, o Prêmio Patrão-Mor Aguiar com dois salários mínimos para a Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará, cuja biblioteca tem o seu nome e, no mesmo valor, para Escola de Aprendizes Marinheiro de Santa Catarina.

A Marinha, em 1982, pela iniciativa generosa do Ministro Maximiano Fonseca, conferiu o seu nome a uma Agência Flutuante que resistiu até 2000, aos embates das gigantescas toras do Rio Negro. Assim, foi essa embarcação substituída por uma Agência Escola Flutuante, catamarã, destinada além da patrulha naval, para aprendizado do profissional marítimo, na Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental.

O Patrão-Mor José Maria de Aguiar, jamais foi punido e que, nas suas cadernetas, constam mais de vinte elogios e diversas condecorações. Esse inclíto herói marinheiro e cearense de um metro e cinqüenta e sete, tem no seu túmulo, uma placa que diz: “Foi uma vida de exemplo – exemplo de marinheiro, de marujo cearense. Serviu 62 anos à Marinha do Brasil, partindo do nada, formou um patrimônio moral edificante na sua classe”.

O prêmio Patrão-Mor Aguiar

Sob a segura administração do Capitão de Fragata Ruy Ulisses Gonçalves da Veiga Junior comandante da briosa Escola de Aprendizes-Marinheiros do Ceará consegue ampliar ao aluno o preparo intelectual, físico, psicológico, moral e militar-naval com dedicação com sua valorosa equipe militar.

 

Advogado Edson Cavalcanti Schettine de Aguiar, e seu pai Professor Edson Schettine de Aguiar,descerram a placa do ilustre homenageado, o Patrão Mor Aguiar
Advogado Edson Cavalcanti Schettine de Aguiar, e seu pai Professor Edson Schettine de Aguiar, descerram a placa do ilustre homenageado, o Patrão Mor Aguiar

O aluno da Escola de Aprendizes-Marinheiros do Ceará que tenha se destacado dos demais em comportamento, atitude militar, apresentação pessoal, rendimento escolar, atividade extra-classe e conduta recebe o prêmio Patrão-Mor Aguiar. Esta significativa homenagem é oferecida pelos descendentes do ilustre militar anteriormente representado pelo seu dileto filho e falecido amigo, Professor Edson Schettine de Aguiar, que era membro da direção nacional da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra.

Na atualidade o Prof.º José Joaquim Neto Cisne, sobrinho-neto do Capitão-Tenente Patrão-Mor, figura esta que representa os filhos do eminente militar colaborando na doação de camisas e canetas para a tripulação e o prêmio Patrão-Mor Aguiar realizado na cerimônia de formatura e juramento à Bandeira dos Marinheiros formados.

Almirante Tamandaré e Patrão Mor Aguiar

A Marinha do Brasil inaugurou, na quarta-feira dia 11 de maio, o monumento do Almirante Joaquim Marques Lisboa, o Marquês de Tamandaré, em Fortaleza. A cerimônia foi presidida pelo Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, integrando uma série de atividades promovidas pela Força ao longo deste ano para comemorar o bicentenário da Independência do Brasil.

Nascido em 13 de dezembro de 1807, Joaquim Marques Lisboa, o Marquês de Tamandaré, patrono da Marinha, dedicou 66 anos de serviço à Marinha do Brasil e participou de episódios decisivos na formação de nosso país, a exemplo das lutas pela independência do Brasil e a Guerra do Paraguai.

A sinergia do Patrão Mor Aguiar com o Almirante Joaquim Marques Lisboa, Marquês de Tamandaré, o Patrono da Marinha se destaca no tempo de serviço, ou seja, os dois serviram na Marinha do Brasil por mais de 60 anos de idade. Tamandaré era filho do português e Tenente Francisco Marques Lisboa, Capitão-de-Milícias, prático da barra e patrão-mor do porto de Rio Grande sendo seu descendente “Imediato Patrão Mor”, ou seja, o futuro “Almirante Tamandaré”, assim como o cearense Patrão Mor Aguiar estava na função correlata.

Sala da biblioteca à memória do Professor Edson Schettine de Aguiar

O Capitão de Fragata Ruy Ulisses Gonçalves da Veiga Junior comandante da Escola de Aprendizes-Marinheiros do Ceará neste dia 25 de maio inaugura uma sala da biblioteca à memória do Professor Edson Schettine de Aguiar que foi Diretor de Comunicação Social da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra.

Em 31 de janeiro de 2018, a Biblioteca Patrão-Mor Aguiar, da Escola de Aprendizes-Marinheiros do Ceará (EAMCE), recebeu uma doação de 490 livros da Editora da Biblioteca do Exército (BIBLIEX). Os exemplares doados incluem livros com temas como guerras históricas, Amazônia brasileira, submarinos, psicologia militar, geopolítica, biografias, história do Brasil e do mundo.

A doação contou com o apoio do Coronel Helcio Pinheiro, Oficial de Comunicação Social da BIBLIEX, e foi intermediada pelo Professor Edson Schettine de Aguiar, filho do Patrão-Mor Aguiar, que dá nome à biblioteca da EAMCE.

A Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra do Estado do Ceará, encerra esta homenagem refletindo José de Alencar no opúsculo: “Iracema”:

Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;

Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros;

Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas.

Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande vela?

 

*Iracema é um romance brasileiro publicado em 1865 e escrito por José de Alencar, fazendo parte da trilogia indianista do autor. Os outros dois romances pertencentes à trilogia são “o Guarani e Ubirajara”.

Iracema in:

https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/85108.pdf

 

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