A Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra do Estado do Ceará recebe do nosso colaborador emérito, General de Exército R1, José Benedito de Barros Moreira, ex-comandante da Escola Superior de Guerra este texto: “Conheça esta grande rodovia longitudinal norte-sul que liga o estado de Mato Grosso ao Pará, foi criada na década de 70 com a grande promessa de abrir o caminho, antes inexistente, para o escoamento da produção de grãos do Centro-Oeste brasileiro. Localizada em região inóspita, a estrada sofreu com as intempéries das fortes chuvas que anualmente acometem o inverno Amazônico e, por isso, ficou conhecida pelos atoleiros que comprometiam as condições de tráfego e colocavam em risco os ganhos das safras de grãos ao longo dos anos”.
No documentário “BR-163: O Brasil na Estrada do Progresso”, o Ministério da Infraestrutura resgata a história da rodovia, desde a abertura da estrada até a conclusão da pavimentação, resultado do esforço e persistência do Governo Federal e Exército para dar fim ao sofrimento de caminhoneiros e moradores e possibilitar, enfim, o desenvolvimento que a região e o país merecem.
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Comentário da ADESG do Ceará
Por sua vez, a Capacidade de Mobilidade Estratégica refere-se à condição de que dispõe a infraestrutura logística de transporte do País, com capacidade multimodal, e aos meios de transporte, de permitir às Forças Armadas deslocar-se, rapidamente, para a área de emprego, no território nacional ou no exterior, quando assim impuser a defesa dos interesses nacionais. (ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA).
Logística Nacional é entendida como o conjunto de atividades relativas à previsão e provisão dos recursos necessários à realização das ações decorrentes da Estratégia Nacional de Defesa (Art. 2º do Decreto nº 6.592, de 02 de outubro de 2008).
O patrono do 2º Grupamento de Engenharia, o General de Exército Rodrigo Octávio Jordão Ramos, sintetizou a nobre missão do Exército na integração da Região Amazônica: O Exército e a Engenharia, em particular, estão prontos a cumprir a sua parte nesta grande obra, malgrado os obstáculos a vencer, os sacrifícios a enfrentar, os embates a superar honrando a bravura e o estoicismo de nossos antepassados, representados pelos missionários, soldados e sertanistas, que conquistaram e mantiveram para o Brasil esta grande Amazônia que não é nem um Inferno Verde, nem um Paraíso Perdido, mas que é a Amazônia Brasileira, onde uma geração ansiosa e confiante espera o esplendente alvorecer de um amanhã fecundo, diferente e promissor.
Segundo o Maj Eng Edésio Meneses Leão em seu Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército com o tema: “a participação das unidades de Engenharia de Construção na integração da Região Amazônica Brasileira do período dos Governos Militares aos dias atuais”, atesta que o desenvolvimento da infraestrutura de transportes da região foi uma estratégia acertada e essencial para a ocupação, desenvolvimento e integração ao restante do país.
Nesse contexto, as Organizações Militares de Engenharia de Construção tiveram uma participação destacada nesse processo, com a criação ou transferência delas para a região, recebendo o encargo de implantar, manter e conservar importantes rodovias e aeroportos que interligam e promovem o desenvolvimento local.
Essa participação, intensificada após a década de 1970, continua até os dias atuais, com um protagonismo marcante como na atual obra da BR- 163, no estado do Pará, importante trecho de transporte da produção de soja da região Centro-Oeste e sul da região Norte, cuja obra é conduzida pelo 8º Batalhão de Engenharia de Construção apoiado por outros Batalhões.
Essa importante participação das unidades de Engenharia de Construção na integração nacional trouxe uma série de benefícios para a região Amazônica e, em consequência, para o Brasil. É notório um impulso no desenvolvimento econômico e social da região, fruto do surgimento e crescimento de cidades e intensificação do comércio regional e nacional. Além disso, o desenvolvimento da infraestrutura de transportes da região colabora para a manutenção da estratégia da presença do Exército Brasileiro na Amazônia, contribuindo para a manutenção da soberania nacional.
Atualmente, após mais de quatro décadas, vê-se, sobejamente comprovado, o sucesso daquela missão histórica executada pela arma azulturquesa, a Engenharia do Exército Brasileiro. Essas rodovias abertas contemplaram o País com a integração daquela região, possibilitaram a melhoria dos fatores políticos, econômicos e sociais e, estrategicamente, trouxeram maior segurança àquela área, proporcionando um relevante papel no desenvolvimento da Amazônia brasileira e na defesa nacional.
A construção da BR-163 contribuiu para esses resultados positivos, seja do ponto de vista econômico ou ainda do ponto de vista social, proporcionando a integração das cidades em criação ou em desenvolvimento. Cabe considerar, ainda, que essas estradas influenciaram de maneira determinante, inclusive, a vinda de pessoas para essas novas cidades que surgiam, atraídas pelas oportunidades de trabalho.
“A Engenharia de construção não apenas participa, mas modifica o curso da história da região onde honesta, sofrida e bravamente assina o nome do Exército Brasileiro nas obras que realiza.”
(General Rodrigo Octávio)