Navio-hospital da Marinha atendeu mais de 8 mil pessoas no Vale do Juruá, interior do Acre fortalecendo a geopolítica e a comunidade nacional.

 

A Amazônia representa um dos focos de maior interesse para a defesa. A defesa da Amazônia exige avanço de projeto de desenvolvimento sustentável e passa pelo trinômio monitoramento/controle, mobilidade e presença.

Estratégia Nacional de Defesa

Introdução

Em pouco mais de um mês, o navio de assistência hospitalar “Doutor Montenegro” atendeu mais de 8 mil moradores das cidades do Vale do Juruá, no interior do Acre.

Os atendimentos médicos e odontológicos começaram no final do mês de março e a previsão inicial era de atender ao menos seis mil pessoas, mas a quantidade de atendimentos já superou as expectativas. A equipe informou que deve partir da região nesta segunda-feira (10), mas vai depender das condições de navegação, uma vez o rio está com o nível muito baixo.

Cerca de 22 profissionais de saúde compõem a equipe de saúde. Nos últimos dias, o atendimento está sendo oferecido a moradores dos bairros periféricos de Cruzeiro do Sul. Salas de aulas da Escola Maria Lima, no bairro do Remanso, se transformaram em consultórios.

A moradora Ildenir Freitas conta que aguardava por um procedimento cirúrgico há anos e com o atendimento dos profissionais da Marinha, conseguiu resolver o problema.

“Agradeço, porque há cinco anos que tenho um problema de cisto, paguei exames e os exames e não resolveram meu problema. Sou muito grata por estar aqui hoje. Graças a Deus e a essa equipe maravilhosa que me atendeu super bem e meu problema foi resolvido”, afirmou.

Em Cruzeiro do Sul, navio-hospital da Marinha atende moradores com serviços médicos e odontológicos — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

A ADESG Ceará tem conhecimento de vários óbices na região Amazônica.  Dentre os principais recursos de infraestrutura necessários para a melhor execução de Operações Ribeirinhas, destacam-se: centros de apoio logístico, hidrovias, hospitais, aeroportos e pistas de pouso e portos.

Os obstáculos para o desenvolvimento da Região Amazônica estão relacionados diretamente a sua extensão, a deficiência de transporte e comunicações, o baixo índice de educação da população, a precariedade de saneamento básico e assistência médica.

 As Operações de Assistência Hospitalar (ASSHOP) às Populações Ribeirinhas da Amazônia pela Marinha do Brasil.

As atividades desenvolvidas pela Marinha do Brasil (MB) decorrem de dispositivos previstos na Constituição Federal (CF) e na Lei Complementar (LC) 97/99ª, esta dispondo sobre as normas para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas (FA).

Segundo as “Atividades Desenvolvidas pela Marinha do Brasil em Tempo de Paz” da Escola Superior de Guerra, “As Operações de Assistência Hospitalar (ASSHOP) às Populações Ribeirinhas da Amazônia resultam de uma parceria de sucesso entre a MB e o Ministério da Saúde. Este contribuindo com os recursos financeiros – destinados a remédios, combustíveis, manutenção dos meios envolvidos e reposição e melhoria de equipamentos e material permanente de saúde – e a Marinha, com seus meios: navios hospitais, helicópteros, tripulações e corpo médico”.

As regiões a serem visitadas, denominadas Pólos de Saúde, são reavaliadas anualmente pela MB e pelo Ministério da Saúde que, com o concurso das Secretarias Estaduais de Saúde, estabelece a prioridade de atendimento.

A identificação das comunidades a serem atendidas em cada Pólo de Saúde depende de vários aspectos, entre os quais, o grau de dificuldade para o acesso dos recursos de saúde desde a sede dos municípios; indicadores de saúde desfavoráveis; zonas endêmicas de patologias infecto-contagiosas; aspectos demográficos das localidades pesquisadas, entre outros.

A MB conta hoje com três Navios de Assistência Hospitalar (NAsH) com características específicas para desempenhar missões de assistência social e hospitalar, sediados no Comando do 9º Distrito Naval, em Manaus, e subordinados ao Comando da Flotilha do Amazonas. São eles os NAsH “Oswaldo Cruz”, “Carlos Chagas” e o “Dr. Montenegro”, este último cedido à Marinha, por comodato, pelo Governo do Acre.

 Navio de Assistência Hospitalar Doutor Montenegro

Navio-hospital da Marinha atendeu mais de 8 mil pessoas no Vale do Juruá, interior do Acre — Foto: Gledisson Albano/Rede Amazônica

MISSÃO E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Os Navios de Assistência Hospitalar (NAsH) têm por missão realizar atendimentos médicos e odontológicos nos “Pólos de Saúde”, por meio das Operações de Assistência Hospitalar (ASSHOP) às populações ribeirinhas, a fim de implantar uma mentalidade de saúde e cuidados de higiene, além de manter uma vigilância epidemiológica e combater endemias. As operações assistenciais na região amazônica tiveram início em 1984.

Os Navios prestam atendimento às populações ribeirinhas por ocasião de suas passagens pelas localidades. A cinemática, para tal atendimento, é feita de acordo com a programação estabelecida pelo Comando do 9º Distrito Naval e pelo Comando da Flotilha do Amazonas. A bordo, há uma equipe de saúde que atua nas áreas médica e odontológica, podendo realizar exames laboratoriais de análises clínicas, dermatológicos e radiológicos, além de partos vaginais, pequenas cirurgias, tratamento odontológico e vacinação em larga escala.

Com a parceria entre a Marinha do Brasil e o Ministério da Saúde, promove-se, a cada ano, atendimento aos seguintes “Pólos de Saúde”: Amazonas / Tapajós / Trombetas / Nhamundá / Paraná do Ramos; Juruá “A”; Juruá “B”; Juruá “C”-Acre; Madeira; Negro / Branco; Purus “A”; Purus “B”; Purus “C”-Acre; Solimões “A” / Japurá / Aranapú / Auti-Paraná / Paraná do Copeá; Solimões “B” / Iça / Javari; e Xingú / Jarí / Marajó / Tocantins.

Além do acima exposto, o NAsH Doutor Montenegro, especificamente, de acordo com o contrato de cessão de uso assinado entre a Marinha do Brasil e o Estado do Estado do Acre, realiza às ações de assistência à saúde das populações ribeirinhas, da região Amazônica, em especial ao Estado do Acre. A primeira comissão ao Estado do Acre durou 4 meses e foi denominada de Comissão Acre I, na qual o Navio foi até Marechal Thaumaturgo, quase fronteira com o Peru. Desde então, esta comissão é realizada nos mesmos moldes, sempre aproveitando o período de cheias do rio Juruá, que é de novembro até maio.

HISTÓRICO

O Hospital Fluvial Dr. Manoel Braga Montenegro terminou de ser construído em janeiro de 1997, sob encomenda do então Governador do Estado do Acre o Sr. Orleir Messias Cameli, no estaleiro Conave, em Manaus, sendo entregue na cidade de Rio Branco-AC. Viajou, então, quatro meses pelo rio Envira, estabelecendo-se na cidade de Feijó-AC por oito meses. Após este período viajou por cinco meses no alto Juruá, estabelecendo-se na cidade de Marechal Thaumaturgo. De novembro de mil novecentos e noventa e oito a janeiro de dois mil ficou sediado em Cruzeiro do Sul-AC.

Após entendimentos entre o Ministério da Saúde, o Governo do Estado do Acre e o Comando da Marinha do Brasil ficou decidido que o Navio seria transferido para Marinha por contrato de Cessão de uso a ser celebrado entre esta e o Governo do Estado do Acre. Em três de janeiro do ano de dois mil foi iniciado o reboque do Navio entre as cidades de Cruzeiro do Sul-AC e Belém-PA, tendo o mesmo atracado na Base Naval de Val-de-Cães em dezessete de janeiro do mesmo ano, onde tiveram início as obras de transformação, reparos e instalações de novos equipamentos, com o propósito de alcançar os requisitos de segurança exigido para ser incorporado pela Marinha do Brasil.

Em dois de maio do ano de dois mil, após o período de conversão o Navio de Assistência Hospitalar Doutor Montenegro desatracou da Base Naval de Val-de-Caes rumo a Manaus. Às 10:00 horas do dia dezenove de maio do ano de dois mil, na Estação Naval do Rio Negro, em Manaus, em cerimônia de mostra de armamento, presidida pelo Exo Sr. Almirante-de-Esquadra José Alberto Accioly Frageli, Chefe do Estado-Maior da Armada, foi incorporado o Navio à Marinha do Brasil de acordo com a portaria número cento e cinquenta e sete, de dezessete de maio de dois mil, do Comandante da Marinha, do que, para constar, mandou que fosse lavrado o termo, conforme dispõe a Ordenança Geral para o Serviço da Armada, artigo 1-3-2, assumindo o Cargo de Comandante do Navio o Capitão-de-Corveta Carlos Emmanuel Rodrigues da Silva.

NOME (EXPLICAÇÃO OU QUEM FOI)

A Marinha do Brasil escolheu para ser o nome do “Doutor Montenegro”, sendo o primeiro Navio da Armada a receber este nome.

O nome “Doutor Montenegro” é uma homenagem ao ilustre médico acreano Doutor Manuel Braga Montenegro, um homem simples, de poucas e boas palavras e sempre disposto ao trabalho. Assim, pode-se definir o perfil do médico Manoel Braga Montenegro, o doutor Braga, nascido na cabeceira do rio Liberdade em 14 de março de 1927, filho de uma família de imigrantes cearenses, doutor Braga é o mais velho dentre os seis filhos deste casal. Aos nove anos deixou sua terra natal em busca de uma educação de melhor qualidade, indo para a cidade de Manaus-AM, onde cursou os estudos até o ginásio. Depois foi para Fortaleza e Recife e em seguida para Belo Horizonte, onde fez o curso de medicina na Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, sendo um dos formandos da primeira turma da faculdade no ano de 1956.

 Doutor Manuel Braga Montenegro e Marinha do Brasil. Foto 2º SG ET Flávio

Em 20 de outubro de 1957, retornou para Cruzeiro do Sul-AC, onde começou a trabalhar como médico no posto de saúde, que funcionava no local onde hoje é a agência do Banco do Brasil, e também prestava assistência à pessoas contaminadas pela Hanseníase, que viviam isoladas nos rios da região. Com a inauguração do Hospital Geral de Cruzeiro do Sul, passou a trabalhar nele.

Doutor Braga é casado com a cruzeirense Maria Lúcia de Oliveira Montenegro e faleceu na noite da segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020 aos 91 anos, em Cruzeiro do Sul;

MASCOTE E LEMA

Devido ao seu formato de caixote e sua baixa velocidade de subida dos rios da Amazônia foi apadroado com o apelido carinhoso de Tracajá, e por seu grande período de navegação no rio Juruá, passou a ser chamado de Tracajá do Juruá, consolidando com isso o Tracajá, como seu mascote e tendo como lema a frase “Saúde Sem Limite”.

 

HERÁLDICA

Seu Brasão tem o seguinte significado, num pentágono formado de cubos e encimado pela coroa naval, em campo de prata, três montes, unidos de negro, cortado de azul com cruz ancorada, de verde, carregada com o símbolo do Esculágio, de ouro. Os três montes em campo de prata, atributos da família Montenegro, originária da Galícia, aludem às origens do Dr. Manoel Braga Montenegro, enquanto no cortado azul, esmalte clássico da Marinha, a cruz carregada do símbolo do Esculágio reporta-se aos serviços hospitalares prestados pelo Navio em apreço.

EPÍLOGO

“Um navio não pode cruzar o mar sem um timoneiro, nem é possível alguém derrotar um inimigo sem tática ou estratégia”.

                               Strategikon, Manual Militar Bizantino, 600 d.C

Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, Comandante da Marinha do Brasil (MB)

A Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra do Estado do Ceará, congratula o ilustre Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, Comandante da Marinha do Brasil (MB) com as suas diretrizes relacionadas com o aumento da capacidade de defesa da Região Amazônica e consequentemente com a melhor execução de Operações Ribeirinhas no atendimento a população  bem executada por seus comandados.

Em função das características do ambiente onde se realizam as Operações Ribeirinhas necessitam do uso conjugado de meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais. O uso de infraestruturas regionais que possibilitem o apoio logístico fixo e a mobilidade para estes meios são fundamentais para o seu melhor emprego.

Os principais benefícios decorrentes de políticas desenvolvimentistas para a melhor consecução de Operações Ribeirinhas na bacia amazônica brasileira fortalecem a Geopolítica do Brasil e o Poder Nacional.

Como afirmava Rui Barbosa: A pátria não é ninguém, são todos.

 

Fonte: https://www.marinha.mil.br/comflotam/node/28

https://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2021/05/09/navio-hospital-da-marinha-atendeu-mais-de-8-mil-pessoas-no-vale-do-jurua-interior-do-acre.ghtml

 

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