“DEVOIR D’INGÉRENCE” E BRASIL – ALIMENTAÇÃO PARA O PLANETA

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil sobe 1,2% no primeiro trimestre, acima do esperado, e volta ao patamar pré-pandemia. A expansão da economia brasileira veio dos resultados positivos na agropecuária (5,7%), na indústria (0,7%) e nos serviços (0,4%).

InfoMoney, 1 jun 2021

 

A Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra do Estado do Ceará escreveu em artigo passado abordando o “DEVOIR D’INGÉRENCE E AMAZÔNIA” atestamos que o Brasil tem que se defender do “Dever de Ingerência” pois esta estratégia de países que desejam matéria prima, água e a biodiversidade da Amazônia impõe na comunicação mundial necessidade de nossa floresta ser internacional. No texto in: https://adesgce.org/2021/06/01/devoir-dingerence-e-amazonia/, destacamos mais sobre a água do Brasil e motivos de países centrais tentarem descontruir nossa soberania.

Hoje disporemos do “DEVOIR D’INGÉRENCE” no âmago da escassez de alimentos para a população mundial e basicamente na China.   

A agricultura é de longe o maior consumidor de água, respondendo por até 90% de consumo total em certos países, e é, portanto, inerentemente exposto à água estresse ou um declínio permanente na água disponibilidade. A produção agrícola é essencial para fornecer comida às pessoas em todo o mundo, mas também é uma importante fonte de renda e emprego, particularmente nas economias emergentes.

Usamos água em todos os aspectos de nossas vidas, mas nós podemos dividir esse uso em três setores principais e vimos que a Amazônia tem a maior descarga da água doce do mundo. São 216.340 metros cúbicos por segundo (m3/s) sendo despejados no Atlântico. Isso equivale a 40% a mais do que a descarga de todos os rios dos Estado Unidos e é 47% superior aos rios Canadenses. Mas o que pouquíssima gente sabe é que abaixo dela existe uma quantidade gigantesca de água doce. Trata-se de um verdadeiro oceano subterrâneo, com volume total de 162 mil quilômetros cúbicos, e que é chamado pelos cientistas de Sistema Aquífero Grande Amazônia (Saga).

Globalmente, a agricultura é responsável por cerca de 70% do nosso consumo total, com a indústria a seguir, com 20% e o uso doméstico com 10%. Existem principais variações regionais nessas proporções, que refletem amplamente o nível de economia desenvolvimento. Na Ásia e na África, por exemplo, 80% do uso de água é contabilizado pelo Setor agrícola. Na Europa e na América do Norte, a maior parte é consumida pela indústria.

O Brasil tem hoje, de longe, a maior exportação líquida de produtos agrícolas do mundo. O país não está produzindo muito apenas em seus campos: também é cada vez mais capaz de exportar muito e mais a cada ano. É diferente dos EUA, a maior potência agrícola do mundo: o país produz e exporta muito, mas é também o maior importador mundial de produtos agrícolas.

O Brasil não só fornece metade da soja comercializada no mundo. O Brasil é também o principal fornecedor de carne, açúcar, milho, café, suco de laranja e algodão. É menos conhecido, mas o Brasil é também um dos mais importantes exportadores mundiais de melancias, castanhas de caju e tabaco. O Brasil está entre os cinco maiores exportadores de 30 produtos agrícolas.

No ano passado, o Brasil conseguiu equilibrar sua balança comercial sobretudo graças às exportações de bens agrícolas, que atingiram o montante de cerca de 100 bilhões de dólares. Especialistas esperam outro aumento neste ano. Sem o agronegócio, a crise econômica do Brasil seria muito mais grave.

O Brasil alcançou esta posição de liderança principalmente por meio de sua própria pesquisa e de tecnologia autodesenvolvida. Isso se deve a institutos como a Embrapa, que é líder mundial em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia de ponta para a agricultura nos trópicos e subtrópicos.

O valor do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio cresceu 2,06% em dezembro e fechou o ano de 2020 com uma expansão recorde de 24,31%, na comparação com 2019, segundo Comunicado Técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Com o resultado, o agronegócio ampliou para 26,6% sua participação no PIB total do país no ano passado. Em 2019, este percentual foi de 20,5%.

Todos os segmentos da cadeia produtiva do agronegócio brasileiro no geral tiveram alta em 2020, com destaque para o setor primário (56,59%), seguido por agrosserviços (20,93%), agroindústria (8,72%) e insumos (6,72%). O desempenho do PIB do agronegócio reflete a evolução da renda real do setor, em que são consideradas as variações tanto de volume quanto de preços reais.

Tanto a cadeia produtiva da agricultura (24,2%) quanto da pecuária (24,56%) teve expansão expressiva em 2020. Na parte agrícola, destaque para o movimento de alta de preços e o aumento da produção, com safra recorde de grãos e crescimento na oferta de café, cana-de-açúcar e cacau.

 

Segundo Sarah Theurich no artigo “Nova Geopolítica para agronegócio Brasileiro: “A geopolítica mostra como mudanças nas relações de poder internacionais afetam determinadas regiões do mundo. Isso ajuda no entendimento sobre como riscos geopolíticos e políticos afetam o ambiente de negócios. O agronegócio brasileiro, por exemplo, tem na Ásia um destino importante das suas exportações. O que acontece com a China e a sua inserção regional, com a maior competição entre os EUA e a China, ou mesmo com a Coreia do Norte, afeta decisivamente o ambiente de negócios do agro naquela região”.

A rápida diversificação geopolítica em relação aos mercados transformou o Brasil em um verdadeiro global trader. De um lado, tem-se o destaque no atendimento dos novos consumidores da Ásia, do Oriente Médio e do Golfo Pérsico, e, de outro, dá-se a manutenção de parceiros tradicionais como os Estados Unidos (EUA) e a União Europeia (UE). O resultado foi positivo, com ampliação considerável das exportações agropecuárias brasileiras.

 

Rota de Seda da China

A China retornou o megaprojeto de desenvolvimento da infraestrutura que liga 70 países da Ásia, Europa e África. O objetivo é promover o comércio com países e regiões ao longo das rotas dessa iniciativa, que incluem fornecedores importantes de grãos. O plano é conhecido como “Onebelt, Oneroad”, ou mais popularmente como a “nova roda da seda chinesa”, e prevê uma série de investimentos, sobretudo nas áreas de transporte e infraestrutura, conectando regiões de extrema importância geopolítica.

 O investimento e poder da China no mundo tem crescido consideravelmente nos últimos anos. Segundo o importante think tank estadunidense American Enterprise Institute for Public Policy Research, entre 2005 e 2018, a China esteve presente nos cinco continentes e investiu cerca de US$ 1,9 trilhão. Isso equivale, por exemplo, a 13 vezes o valor do Plano Marshall, utilizado pelos Estados Unidos na reconstrução da Europa durante a Guerra Fria.

Chegando ao centro do tabuleiro Geopolítico, a potência asiática recusa a pretensão de hegemonia e continua a se definir como um país em desenvolvimento, o que implica em uma abordagem de relações internacionais que prega a expansão do Comunismo global.

Segundo o documento, a Nova Rota subdivide-se no Cinturão Econômico ligando a China-Ásia; Central-Rússia-Europa (Báltico); e a Rota Marítima, projetada para ir da costa da China para a Europa através do Mar do Sul da China e do Oceano Índico em uma rota, e da costa da China através do Mar do Sul da China para o Pacífico Sul na outra. Nesta visão um “cinturão econômico” composto por vias terrestres que atravessam a Rússia, a Ásia Central e o Paquistão até o leste Europeu; do outro, uma “rota da seda marítima” ligando pelos oceanos os países emergentes do sul e sudeste asiático até a África e a América do Sul.

Em sua expansão Geopolítica não aplicando as armas nesta conjuntura, a China neste objetivo invade o globo terrestre pela economia em uma tese dos antigos antepassados chineses como “a Arte da Guerra de Sun Tzu”. Estima-se que os empréstimos chineses para os países da África passaram de menos de US$ 1 bilhão em 2000 para cerca de US$ 30 bilhões em 2016. Um dos principais interesses chineses no continente africano é a importação de materiais como petróleo, minérios e alimentos. As principais empresas chinesas atuando em solo africano são empreiteiras de grande porte, que desenvolvem a infraestrutura do país.

 

Existe uma possibilidade da “armadilha da dívida” por parte da China, para atar os países africanos. A teoria de que a China está forçando os países africanos a se endividar acima de suas possibilidades, para mantê-los e dominados, numa espécie de neocolonialismo e inserir o comunismo.

A Grécia está entre os primeiros países da União Europeia a assinar um documento de cooperação intergovernamental com a China para avançar em conjunto a cooperação no Cinturão e Rota.

O Governo grego assinou em 2016, o acordo definitivo com a China para a cedência, por 36 anos, de dois terços da Autoridade Portuária do Pireu (OLP) à empresa estatal chinesa Cosco, num ato que decorreu na residência do primeiro-ministro. O contrato de privatização é válido até 2052. O porto, uma rota de acesso para a Ásia, o leste da Europa e o norte da África, recebeu 16,8 milhões de passageiros e 3,6 milhões de unidades equivalentes a contêineres de 60 metros (TEUs, na sigla em inglês) em 2014.

Outras estratégias conhecidas da Geopolítica Chinesa para a Rota da Seda como dominação.

 

Conclusão

O Brasil foi um dos poucos países a aumentar as exportações durante a pandemia. Provamos ter uma capacidade de reação muito rápida.”

Engenheiro agrônomo e agricultor Roberto Rodrigues- Coordenador do Centro de Agronegócio na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas.

 

Devemos nos preocupar a “nova Rota da Seda” da China, vinculada ao processo de interiorização da sua economia e à busca de moldar o espaço centro-asiático de investimento, infraestrutura e comércio e o “DEVOIR D’INGÉRENCE” da China e de outros países.

Sem o Brasil a China passa fome – D.Bertrand Orleans e Bragança

 

Brasil e China são dois candidatos a potências globais. Nesses países tudo é superlativo, a começar pelos territórios, passando pelos desafios e terminando nas oportunidades. A China, apesar do seu território extenso, tem o desafio de compatibilizar o uso dos escassos recursos naturais com a dimensão das necessidades em uma perspectiva de sustentabilidade, nacional e global. Já o Brasil, com menores limitações ambientais e de recursos naturais do que a China, tem o desafio de gerar riqueza para garantir o seu desenvolvimento, tendo por base justamente seus recursos naturais. Nesse cenário, a China terá dificuldade de alimentar a sua população e garantir matéria-prima sem recorrer às importações, enquanto o Brasil pode projetar a geração sustentável de excedente agropecuário.

As políticas internacionais da China com relação à agricultura, de negociar segundo seus interesses, cabendo ao Brasil a atenção para garantir sua posição de “alimentar” a China sem ser “engolido” por ela.

De acordo como os autores, Pedro Abel Vieira, Antônio Marcio Buainain, Eliana Valeria Covolan Figueiredo na matéria: O Brasil alimentará a China ou a China engolirá o Brasil? Eles explicam que não há dúvidas de que o principal fundamento do apetite chinês é a sua população, que hoje é superior a 1,3 bilhão de pessoas, e que mesmo crescendo a uma taxa baixa (0,5% em 2012), aumenta em mais de 6 milhões de pessoas a cada ano. O crescimento recente da taxa de fertilidade, o aumento da expectativa de vida e a redução na taxa de mortalidade infantil contribuíram para o crescimento e o envelhecimento da população chinesa, a qual deverá chegar a 1,4 bilhão de pessoas em 2020. Após 2020, segundo as estimativas do World Bank, passará a decrescer: em 2050 a população da China deverá alcançar 1,35 bilhão, inferior apenas à da Índia (World Bank, 2014).

A população não é o único fundamento do apetite chinês, até porque uma população pobre e sem renda converte necessidade em demanda. São os fatores de natureza econômica que explicam o apetite chinês, que mudou a configuração global do mercado de alimentos nas últimas duas décadas, e que deve se manter nos próximos anos.

O fato é que, apesar do vigoroso crescimento da riqueza chinesa, a riqueza per capita é baixa quando comparada à do mundo. A pirâmide etária da China, em 2000, apresenta um grande grupo entre 30-34 anos, seguido de um outro grupo com idade entre 10 e 14 anos. Já em 2050, as projeções são que o maior grupo terá entre 60 a 64 anos. Tais projeções indicam que em 2050 a idade média na China será de, aproximadamente, 45 anos, enquanto no Brasil será de 40 anos, o que implica que a quantidade de idosos de 65 anos e mais ultrapassará o número de crianças e adolescentes (0-14 anos) em 2030 na China, marca que será atingida somente em 2050 no Brasil (World Bank, 2014).

O PIB per capita, em US$ correntes com base no poder de compra da China, é baixo (US$ 10.890,00 em 2012) quando comparado a países ricos como os Estados Unidos (US$ 52.620,00) sendo inferior até ao Brasil (US$ 14.350,00) (World Bank, 2014).

A economia da China ainda tem um longo caminho a percorrer no sentido de elevar os padrões de vida da população, o que passa, necessariamente, pela elevação do consumo alimentar per capita.

A urbanização e o crescimento da renda promovem a mudança no padrão de consumo alimentar, com a ingestão de carnes, frutas, alimentos processados e alimentos convenientes e gourmet/premium, com maior participação dos derivados da carne que exigem muito mais da agricultura e, consequentemente, causam mais impactos ambientais.

Além dos efeitos da acelerada urbanização, a mudança na dieta da população rural da China também é marcante. O consumo de grãos ainda é muito mais elevado em áreas rurais do que nas cidades, enquanto o consumo de carnes e leite é maior nos centros urbanos.

Na Geopolítica e Geoestratégia o governo federal tem realizados ações estratégicas com a integração à ferrovia Norte Sul, projetada para ser a espinha dorsal do sistema ferroviário nacional, interligando as cinco regiões do país. Como retorno é esperado uma economia de 8% no valor do frete para o transporte de grãos até o Porto do Itaqui, no Maranhão.

Como a grande rodovia longitudinal norte-sul que liga o estado de Mato Grosso ao Pará, foi criada na década de 70 com a grande promessa de abrir o caminho, antes inexistente, para o escoamento da produção de grãos do Centro-Oeste brasileiro.

A Ponte do Abunã, inaugurada de Rondônia ao Acre interliga o Acre ao resto do Brasil através da BR 364 e permite conexão com a BR 317, a Transoceânica, que liga o Brasil ao Porto de Ilo, no Peru.

Está se estabelecendo em nossa Nação Continental uma sinergia com transporte multimodal, logística nacional, Integração Nacional e redução dos custos logísticos do transporte da produção agropecuária nas regiões brasileiras.

Veja em nossos artigos:

 

Ponte estaiada sobre o Rio Parnaíba e Geoestratégia: “Ganho logístico sem precedentes e indutor do desenvolvimento do comércio e turismo”.

 

BR 163 e Organizações Militares de Engenharia de Construção na Logística Nacional

 

GEOPOLÍTICA E REGIÃO AMAZÔNICA: TRASPORTE MULTIMODAL, CENÁRIOS DA FERROGRÃO – BR 163 – PONTE ABUNÃ E BR 317 COM O PACÍFICO.

 

 

 

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