Cerimônia na Itália relembra heróis da Força Expedicionária Brasileira

Uma cerimônia realizada no Monumento Votivo Militar, antigo Cemitério Militar Brasileiro de Pistoia, na Itália, relembrou os 77 anos da campanha da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália durante a Segunda Guerra Mundial.

A solenidade contou com a presença do Embaixador Brasileiro na Itália, Hélio Ramos Júnior, dos Comandantes da Marinha do Brasil, Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos; do Exército Brasileiro, General de Exército Marco Antônio Freire Gomes, e da Força Aérea Brasileira, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Júnior, além de autoridades militares e civis brasileiras e italianas.

Durante a cerimônia, foram depositadas coroas de flores no túmulo do Soldado Desconhecido, combatente brasileiro encontrado morto na região de Montese e que não foi identificado. O evento marca a primeira viagem oficial ao exterior do General Freire Gomes como Comandante do Exército. “É uma honra muito grande estar aqui prestando uma homenagem aos ex-combatentes e também aos italianos que nos apoiaram”, destacou o comandante. A comitiva participou, até o dia 27 de abril, de atividades do 9º Seminário Nacional sobre a Participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial.

 

Segundo o historiador Vágner Camilo Alves, autor do livro O Brasil e a Segunda Guerra Mundial: história de um envolvimento forçado, a incorporação da história da FEB e de seu legado pela diplomacia brasileira guarda relevância na atualidade:

A despeito dos 70 anos de distância, é importante frisar que a Segunda Guerra Mundial é a “parteira” do mundo contemporâneo. Os aspectos mais destacados do sistema internacional atual (ascensão dos EUA à posição hegemônica, fundação da ONU e dos modernos mecanismos de gerenciamento da economia e segurança internacionais, etc.) foram consequências daquela guerra. Devemos sempre destacar nossa participação no esforço de guerra aliado que possibilitou a constituição do moderno sistema internacional. Isso se refere não somente à atuação da FEB na Itália, mas também aos demais aspectos de nosso esforço de guerra, como atuação da Marinha e da FAB no Atlântico Sul; cessão de território para construção de bases norte‑americanas, indispensável para o desdobramento do esforço de guerra estadunidense em direção ao velho mundo; exportação de materias‑primas estratégicas indispensáveis ao esforço de guerra norte‑americano; apoio geral à causa aliada na América do Sul, etc.

O brigadeiro Rui Moreira Lima foi um dos veteranos mais ativos na preservação da memória da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, sempre disponível para prestar depoimentos e resgatar a memória da FAB e da FEB no front italiano. Autor de um dos livros considerados fundamentais para se entender a participação da FAB na Segunda Guerra Mundial, Senta a Pua!, sobre o qual se baseou o completo documentário homônimo, publicou também, em 2008, O Diario de Guerra.

São claras as evidências da marca positiva que as Forças Armadas brasileiras deixaram na Itália. A lembrança afetuosa dos pracinhas brasileiros junto à população italiana, que vivenciou os horrores da guerra, afigura‑se como elemento comum nos documentos e depoimentos sobre a FEB. Este, advoga‑se no presente trabalho, é um dos pontos fortes para o aproveitamento do legado da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial como ativo para a política externa brasileira.

Um primeiro exemplo, eloquente no seu simbolismo, refere‑se ao destino italiano que teve a singela palavra em português “mingau”. Ao assistir a documentários sobre a FEB, é possível ver como os cidadãos italianos encontraram nas tropas brasileiras solidariedade incomum aos demais exércitos combatentes. São inúmeros os relatos de como os soldados dividiam suas rações de comida e ajudavam aquelas pessoas que viviam o flagelo da guerra. Por isso, a palavra “mingau” virou gíria na Itália e é hoje utilizada comumente pela juventude nas cidades da Emília‑Romana e da Toscana, especialmente onde passaram os brasileiros. Ali, “mingau” é sinônimo de algo positivo e bom.

Fonte: Informativo “O Veterano” nº 013-2022

http://folhamilitaronline.com.br/cerimonia-na-italia-relembra-herois-da-forca-expedicionaria-brasileira

Aurimar Jacobino de Barros Nunes. O ITAMARATY E A FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA (FEB). O legado da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial como ativo de política externa

COR UNUM ET ANIMA UNA PRO BRASILIA – CONHECER O BRASIL PARA MELHOR SER

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